12 de setembro - Gare da Central do Brasil, Rio de Janeiro
18 de setembro - Cinelândia, Rio de Janeiro
27 de setembro - Lagoa Rodrigo de Freitas
ENQUANTO FALO, AS HORAS PASSAM
No projeto Enquanto falo, as horas passam, Heleno Bernardi põe em jogo como pessoas em diferentes contextos culturais reagem a questões contemporâneas e atemporais.
E o fará por meio de intervenções urbanas, seguindo a tendência de ampliação das frentes de ação artística. Enquanto categoria artística que renova a tradição da escultura, a intervenção urbana tanto já se tornou uma prática comum para alguns grupos e, portanto, provoca por lidar com o risco da banalização, quanto ainda é um modo inovador frente à persistência de concepções tradicionais de arte, sendo, assim, causadora de ruídos.
Outra questão bem atual é a do conforto, cuja reflexão será acionada por meio dos colchões, esse objeto histórico, com formas e significados múltiplos ao longo dos lugares e tempos, tendo ressonâncias variadas em duas questões chave da vida humana: saúde e sexo. Colchões largados em ruas e praças que instauram uma situação paradoxal: a possibilidade de aconchego e afeto em lugares contemporaneamente vistos, sentidos, como lugares de desamparo, desabrigo, inóspitos.
Tendo como formato a figura arquetípica da posição fetal dos seres humanos, esses colchões trazem à mente tanto um imaginário humano arcaico quanto o caráter sempre lúdico, atual, fundamental ao viver, da interação de corpos. Seja a brincadeira dos passantes com as figuras, seja a das pessoas entre si por meio dessas renovadas esculturas, seja a do artista à distância com todos eles, esse jogo corporal quer instaurar instantes afetivos e libidinais na cidade contemporânea.
Roberto Conduru Crítico e historiador da arte, professor da UERJ.